Caio Arandas :
"Para Heidegger, ser não é algo de substantivo, nem uma realidade abstrata, mas deve ser entendido como verbo, ação, no sentido existencial e transitivo de ser: estar a acontecer, estar aí a advir, a existir. Ser é a plenitude superabundante, inesgotável do que ainda está para chegar. O ser é inexaurível, é potencialidade, possibilidade; não pode ser presentificado num pensar representativo. Ser é acontecer, vir à presença, e tem as três dimensões temporais, passado, presente e futuro, que são formas distintas de se dar... O ser é fonte de possibilidade, pelo que é, na sua dimensão de abissalidade, fundamento sem fundo... Ao ser, enquanto fundamento abissal, pertence o nada. No nada experimentamos a amplidão daquilo que garante a todo ente a possibilidade de ser. O nada não é, assim, o indeterminado oposto do ente, mas pertence ao ser do ente. O nada é a outra face do ser, o lado não revelado do ser, transcendência, mistério... O ser é um movimento de essenciação da verdade."
(A Verdade como fundamento abissal em Heidegger - Dnda. Ana Cristina Reis Cunha - Universidade de Lisboa)
2025-07-03 22:13:54