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bia.erzinger
bia erzinger :
Arrasamos
2024-05-23 21:20:37
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bia.erzinger
bia erzinger :
Felinas
2024-05-23 21:20:41
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gabriela.vecchii
gabriela.vecchii :
Lindass
2024-05-23 21:22:27
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Liiindasss
2024-05-23 21:23:09
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anacassouu
Aninha :
Arrasarammm
2024-05-23 21:23:14
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dudaa.dallazen
duda.dallazen :
😍😍😍
2024-05-23 21:40:23
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helenamalucelli__
Helena Malucelli :
Lindasss
2024-05-23 21:57:55
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liviabavarescoo
Lívia Bavaresco :
Amo vocês❤️
2024-05-24 01:03:25
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lauratettooo
lauratetto :
woww
2024-05-24 01:20:56
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2024-06-04 22:54:31
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O que aconteceu na Aula no Mineirão anteontem não foi uma falha pontual, nem um tropeço logístico, nem um deslize de planejamento. Foi a consequência direta de alguém que olha para quarenta mil adolescentes e enxerga quarenta mil unidades soltas, quando o que havia ali era multidão e não se comporta como soma de indivíduos, porque esse coletivo não é soma das partes, é outra coisa, com dinâmica própria, transição de estado própria, impulsos que não estão dentro de ninguém isoladamente. É exatamente assim que desastres nascem quando alguém educado em lógica de CNPJ resolve pilotar um governo como se fosse uma empresa. O erro começa na confusão entre o mundo onde a empresa opera e o mundo que o Estado produz. O empreendimento só existe porque entrou num terreno que já estava pronto, com estrada, escola, energia, território organizado, moeda minimamente estável, sistema de registro, mapa, horário público, circulação garantida e expectativa real de futuro. Esse mundo não apareceu por milagre. Foi montado ao longo de gerações pela ação coletiva estatal. Se por um lado a empresa administra processos que dependem desse mundo. O Estado administra o próprio mundo que sustenta todos os processos. Essa diferença é decisiva, porque processo obedece à lógica interna da operação, enquanto condição reage ao conjunto de forças que existem fora da operação. Processo é previsível. Condição é resistente, por vezes turbulenta. Processo depende de quem escolhe estar lá. Condição independe da vontade de qualquer pessoa. E o Mineirão teve briga justamente porque alguém tentou aplicar lógica de processo numa matéria que exige leitura de condição. Não se trata de organizar quarenta mil alunos, mas de compreender o comportamento emergente que quarenta mil adolescentes produzem quando passam a existir juntos no mesmo espaço físico. É física social, não gestão de equipe  Toda empresa reduz incerteza filtrando quem entra, definindo perfil, selecionando público e controlando o ambiente interno. O Estado não tem esse luxo. Enquanto o gestor privado controla variáveis, o Estado administra densidades. E densidade é a soma de fatores sociais que não se deixam ordenar por planilha. Quando esse coletivo muda de estado, nenhum comando dá conta. Esse foi o ponto que liberais  não entendem A camada mais profunda está na natureza do fenômeno. A empresa trabalha para dentro, perseguindo lucro, margem, fluxo positivo. O Estado trabalha para fora, produzindo riqueza pública que altera o ambiente em que todo mundo vive. Uma estação de metrô muda o valor de vinte quarteirões. Uma escola técnica altera a trajetória produtiva de uma geração. Uma lei ambiental reorganiza setores inteiros. Um zoneamento cria ou destrói possibilidades de investimento. O Estado não administra o que acontece dentro do órgão. Ele administra o que acontece na cidade, no território, nos vínculos, nas oportunidades e nos limites. É essa engenharia externa que torna o lucro privado possível. Não o contrário. E ainda existe o equívoco da mentalidade liberal-gerencial, essa ideia de que eficiência empresarial se traduz em competência estatal. Tudo isso nos leva ao ponto central. O Estado não governa indivíduos. Governa relações. Não opera pessoas soltas. Opera coletivos vivos. Não administra público-alvo. Administra o tecido social onde todos existem juntos. E quem ignora essa diferença não governa. Colapsa. O Mineirão foi exatamente isso. Não um incidente. Não um imprevisto. Foi a realidade respondendo ao erro de categoria de quem tentou transformar uma multidão em plateia corporativa. A resposta veio rápida, veio ruidosa e veio inevitável, porque o material de que o Estado é feito não é o mesmo material das empresas. referências  Olson, Mancur. A Lógica da Ação Coletiva: Bens Públicos e a Teoria dos Grupos. Editora UnB, 1999. Tilly, Charles. Coerção, Capital e Estados Europeus: 990–1992. Edusp, 1996.
O que aconteceu na Aula no Mineirão anteontem não foi uma falha pontual, nem um tropeço logístico, nem um deslize de planejamento. Foi a consequência direta de alguém que olha para quarenta mil adolescentes e enxerga quarenta mil unidades soltas, quando o que havia ali era multidão e não se comporta como soma de indivíduos, porque esse coletivo não é soma das partes, é outra coisa, com dinâmica própria, transição de estado própria, impulsos que não estão dentro de ninguém isoladamente. É exatamente assim que desastres nascem quando alguém educado em lógica de CNPJ resolve pilotar um governo como se fosse uma empresa. O erro começa na confusão entre o mundo onde a empresa opera e o mundo que o Estado produz. O empreendimento só existe porque entrou num terreno que já estava pronto, com estrada, escola, energia, território organizado, moeda minimamente estável, sistema de registro, mapa, horário público, circulação garantida e expectativa real de futuro. Esse mundo não apareceu por milagre. Foi montado ao longo de gerações pela ação coletiva estatal. Se por um lado a empresa administra processos que dependem desse mundo. O Estado administra o próprio mundo que sustenta todos os processos. Essa diferença é decisiva, porque processo obedece à lógica interna da operação, enquanto condição reage ao conjunto de forças que existem fora da operação. Processo é previsível. Condição é resistente, por vezes turbulenta. Processo depende de quem escolhe estar lá. Condição independe da vontade de qualquer pessoa. E o Mineirão teve briga justamente porque alguém tentou aplicar lógica de processo numa matéria que exige leitura de condição. Não se trata de organizar quarenta mil alunos, mas de compreender o comportamento emergente que quarenta mil adolescentes produzem quando passam a existir juntos no mesmo espaço físico. É física social, não gestão de equipe Toda empresa reduz incerteza filtrando quem entra, definindo perfil, selecionando público e controlando o ambiente interno. O Estado não tem esse luxo. Enquanto o gestor privado controla variáveis, o Estado administra densidades. E densidade é a soma de fatores sociais que não se deixam ordenar por planilha. Quando esse coletivo muda de estado, nenhum comando dá conta. Esse foi o ponto que liberais não entendem A camada mais profunda está na natureza do fenômeno. A empresa trabalha para dentro, perseguindo lucro, margem, fluxo positivo. O Estado trabalha para fora, produzindo riqueza pública que altera o ambiente em que todo mundo vive. Uma estação de metrô muda o valor de vinte quarteirões. Uma escola técnica altera a trajetória produtiva de uma geração. Uma lei ambiental reorganiza setores inteiros. Um zoneamento cria ou destrói possibilidades de investimento. O Estado não administra o que acontece dentro do órgão. Ele administra o que acontece na cidade, no território, nos vínculos, nas oportunidades e nos limites. É essa engenharia externa que torna o lucro privado possível. Não o contrário. E ainda existe o equívoco da mentalidade liberal-gerencial, essa ideia de que eficiência empresarial se traduz em competência estatal. Tudo isso nos leva ao ponto central. O Estado não governa indivíduos. Governa relações. Não opera pessoas soltas. Opera coletivos vivos. Não administra público-alvo. Administra o tecido social onde todos existem juntos. E quem ignora essa diferença não governa. Colapsa. O Mineirão foi exatamente isso. Não um incidente. Não um imprevisto. Foi a realidade respondendo ao erro de categoria de quem tentou transformar uma multidão em plateia corporativa. A resposta veio rápida, veio ruidosa e veio inevitável, porque o material de que o Estado é feito não é o mesmo material das empresas. referências Olson, Mancur. A Lógica da Ação Coletiva: Bens Públicos e a Teoria dos Grupos. Editora UnB, 1999. Tilly, Charles. Coerção, Capital e Estados Europeus: 990–1992. Edusp, 1996.

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