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Papai, me dê vontade de viver. Me dê algo que preencha esse vazio colossal que me consome dia e noite. Me faz voltar a ser criança quando eu era verdadeiramente feliz, quando os sorrisos eram sinceros e as risadas vinham sem esforço. Naquele tempo, eu não me preocupava com aparência, não havia peso, só existia uma felicidade simples, pura e real.
Hoje, esse vazio que sinto se parece com a morte. Um contraste brutal com o que eu já fui alguém que brincava, sorria, vivia. Agora me sinto como uma carcaça vazia, todos os dias, todas as noites. Não quero bens materiais, nem conselhos. Eu só queria algo que me devolvesse a inocência de antes, a leveza de ser criança. Queria a felicidade de volta. Hoje, ela não passa de uma lembrança constante, distante demais pra alcançar.
Papai, às vezes me pergunto onde tudo começou a desmoronar. Em que momento deixei de ser eu, em que ponto a alegria escapou por entre os dedos e virou silêncio. Tudo parece pesado demais, como se cada dia fosse um esforço pra continuar fingindo normalidade. Só queria sentir de novo não dor, não angústia mas aquele calor simples de existir sem medo. De ser amado sem precisar merecer.
E quando a noite chega, papai, é pior. O mundo silencia, e tudo o que sobra é esse buraco dentro de mim, gritando por sentido. Tento me agarrar a lembranças, mas até elas parecem estar se apagando, como se minha história estivesse se desfazendo lentamente. Eu não queria chegar a esse ponto. Só queria voltar a ser alguém inteiro. Queria voltar a acreditar que ainda existe luz, mesmo que fraca, no fim disso tudo.
2025-05-29 12:51:48