icemoon 你 :
talvez eu tenha nascido para a solidão, sempre me senti mais inteiro no silêncio do que entre os homens. Carregava em mim um vazio que os outros chamavam de estranheza, mas para mim era apenas minha forma natural de existir, então ela apareceu. Não com olhar de pena ou estranheza sobre mim, mas com a mão estendida, uma presença que se fez inevitável, aproximou-se de mim como ninguém tinha tinha se aproximado, de repente as noites se tornaram menos pesadas, e eu descobri em meu peito algo que nunca havia sentido, Um coração que tremia, um corpo que se agitava, um sorriso que surgia sem que eu o pedisse. Era como se o mundo tivesse enfim, me desconhecido. O amor me alcançou como uma relação tardia, pela primeira vez, não fui um estranho, fui alguém que podia ser visto, compreendido, até mesmo amado. Ela me salvou de mim mesmo, e essa foi a maior felicidade e ilusão que já vivi, pq o tempo é cruel e sua marcha revelou outra face, seus olhos perderam a luz, sua voz tornou-se distante, e sua presença um peso de ausência. Então você segurou minhas mãos, e disse-me que amava outro. Depois se afastou, e eu fiquei sozinho mas não como antes, fiquei só com a lembrança do que é sentir, só com a ferida aberta daquilo que me foi dado e tirado. É irônico, eu que sempre me orgulhei da indiferença, fui desfeito justamente por aquilo que eu acreditava não existir. você me mostrou que o amor é real e por isso mesmo a dor é ainda mais real. Mas tenho gratidão e também a dor no mesmo coração, agradeço por ter conhecido o amor mas vivo esmagado pelo peso de sua perda.
Se algum dia eu amar novamente, sei que não será da mesma forma, porque há sentimentos que só acontecem uma vez, e deixam cicatrizes eternas. Talvez não fosse o nosso destino nesta vida. Talvez em outra nossas almas se reconheçam, mas até lá, carrego o fardo de ter amado até o limite da destruição.
- João Carlos "eu"
2025-09-26 14:47:09